quarta-feira, 7 de maio de 2008

7:55



Experiência de uma morte em obra...de forma mais estúpida possível...

Acidente me obra no que é que se pensa? Grandes esmagamentos, enormes quedas em altura, trabalhos difíceis e perigosíssimos, certo? ERRADO...

Média de 300 homens, 12 horas de trabalho diárias, 7 gruas, mais de uma dezena de frentes de trabalho diferentes e com isto assustadoras probabilidades de haver asneiras. Mas não, trabalha-se afincadamente para que tudo corra bem, para que o perigo seja contido, previsto, minimizado..papéis, reuniões, material, EPI´s tudo..

7:55..Vamos começar o dia de trabalho..Dezenas de colaboradores e entrarem a dirigirem-se para os locais onde há OS trabalhos onde é preciso ter milhentas atenções e a concentração figiu daquela rampa...aquela rampa que sobem e descem dezenas de vezes por dia..onde todos subimos de descemos dezenas de vezes..onde EU desço e subo dezenas de vezes..

1 Carrinha de caixa aberta, 1 rampa, 1 marcha-atrás quotidiana, para reparar peças num equipamento e 1 pessoa a descer..descontraída e distraídamente...1 tropeção...e puff!

Gritos, travão, correria, INEM, reanimação bem sucedida...consternação entre 300 pessoas, que não conheciam, mas que sentiam que "estávamos no mesmo barco"...2 horas depois confirmou-se que tinha morrido...

Fdx..mais fdx..e outra vez fdx...como se mede a estupidez de uma morte? Com a improbabilidade que ela tem de acontecer...

Mas a probabilidade tem este sabor amargo...deixa-nos descansar...

A morte é tão natural, tão próxima e tão friamente palpável como dar 1 espirro...

é desconcertante ter esta confirmação..é dura..

7:55 Eu estava a olhar para o despertador, a preguiçar mais 10 minutos na cama, a ouvir a musica e o chuveiro na casa-de-banho e a organizar o meu dia...e ele estava a morrer

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